Livro (resenha): O Príncipe da Névoa - Carlos Ruiz Zafón
Um presente inesperado!
Por Kássia Rocha
Chegando o dia dos namorados, meu maridão me deu esse livro (e outros mais)
de presente, uma vez mostrei a ele este livro que, estava numa livraria, mas
devido eu ainda ter muitos livros para ler, nem imaginava que ele me traria
mais um livro de Carlos Ruiz Zafón... Sim, pois amo o estilo deste escritor, a
maneira como escreve e cria suas histórias!
Ao ler a contra capa e tals.. fiquei na expectativa, por ser o
primeiro livro que Zafón escreveu e por se tratar de uma história
fantasmagórica, com excentricidades e multiplicidade de um personagem
aterrorizante (O Príncipe da Névoa) e que com isso, fez-me
devorar o livro em poucas horas, contendo poucas páginas e a história corre num
jogo de narrativas (sendo, brilhantemente,
narrado entre primeira e terceira pessoa) compenetrante!
Tradutor: Eliana Aguiar
Editora: Suma de Letras
Páginas: 184
Publicação: fevereiro 2013
Em 1943, com tempos de guerra, Maximilian Carver , um simples relojoeiro decide sair da cidade grande e se mudar com a sua família para um
vilarejo no litoral, seus filhos (Max, com 13 anos, Alicia, com 16 anos e Irina, com 8 anos)
ficam contrariados por gostarem de onde moram, mesmo assim, o pai está tão
animado que todos embarcam rumo ao destino incerto. Quando chegam na estação da
cidade, deparam-se com a estranheza de alguns detalhes, e é aí que entra o
garoto Max questionando tudo a sua volta, inclusive a casa da praia de
aparência suspeita, no qual, seu pai até lhe conta a trágica história da casa.
“[...]
Quando Maximilian Carver abriu solenemente
a porta, um cheiro de guardado escapou lá de dentro como um fantasma que
tivesse ficado preso entre aquelas paredes durante anos. [...]” Pg. 22.
O autor, direciona sua narração de forma rápida e, ao mesmo
tempo paralisante, para um público diverso, sendo este, correspondente a idade
do personagem principal (Max de 13 anos),
que adolescente não adentraria neste universo mal-assombrado... E que outros
pessoas de várias idades não iriam deixar-se levar às sensações horripilantes
de uma história curta, mas muito bem contada?!
“[...]
Max levantou e contemplou o espetáculo
fantasmagórico que o cercava. Percorreu com os olhos cada uma das estátuas,
envoltas pelos ramos do matagal selvagem que se agitava ao vento, até chegar de
novo de grande palhaço. Um arrepio percorreu seu corpo e ele deu um passo para
trás. [...]” Pg. 30.
A misteriosidade vai se aprofundando a medida que novos
personagens vão se revelando, surge um romance típico da idade e da amizade
recém criada entre os adolescentes Alicia e Roland. O lado macabro surge num
rompante avassalador e tenebroso para uma crianças de apenas oito anos...
“A voz parecia vir do armário e soava como
um murmúrio distante, cujas palavras era impossível distinguir. Pela primeira
vez desde que tinham chegado à casa da praia, Irina sentiu medo. [...]” Pg. 65.
Recomendo esta aventura perturbadora com adolescentes, pactos verdadeiramente
pactuados e que desencadeiam os trajetos desta história para algo vivido sob as profundezas escuras e congelantes de um caminho sem volta.
“[...]
Outros preferiam chamá-lo de Príncipe da
Névoa, porque, segundo diziam, sempre surgia no meio da densa névoa que cobria
os becos da cidade à noite e desaparecia antes do amanhecer, ainda no meio das
trevas.” Pg. 90.
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