por Kássia Rocha
Ali me encontrava, naquele antigo portão.
Escadas amadoras, desajeitadas, remendadas.
Uma casa baixinha... Acolhe a quem chega.
Cores suaves, desbotadas - provindas de sóis e chuvas.
Morada que emana muitos anos de vida.
A presença de alguém mui vivida.
Um jardim improvisado, sob as colunas da casa.
Nos canteiros ficam as rosas,
regadas pela chuva que discorre sob a telha de barro.
O barranco detrás me espanta pelo colorido das flores
Nascidas de sementes lançadas e mudas plantadas
Quem plantaria num barranco?
Ela sentiu a minha presença,
gesticulou com a mão suja pelo plantio
“Chegue mais perto, quero ver seus olhinhos”
Dizia-me ela que meus olhos sorriam esperanças
E eu era apenas uma criança inocente e carente
Pequenas mãos suavizam minha inocência
Um cheiro inigualável exala no ar aquecido
A melhor massa, um bolo tradicional quentinho.
Olho pra ela encantada, conhecida surpresa.
Saboreando como se fosse o ultimo pedaço.
Conversas e risadas ambientalmente espalhadas
Ali se vivia meu anjo, meu guia.
Competência e a experiência eram apenas detalhes
Moça rebelde, ela sorria, aprontava
Falava as verdades num absoluto rompante
É sempre presente... Marcava presença, nos lugares
Em minha vida.
Ela me sondava, conhecia meus sentimentos.
O colo que acolhe o coração inocente
Mãos que afagam meus cabelos negros indianos
Era tranquila, me alertava do que viria, depois sorria.
“Espere, com fidelidade,
o melhor sempre virá e te encontrará”
o melhor sempre virá e te encontrará”
Palavras sábias, aparência sofrida,
preservara o sorriso... Desde menina.
preservara o sorriso... Desde menina.
Ensinou-me a Amar, naturalmente,
pois da vida não se cobra,
pois da vida não se cobra,
tudo se vive e nada se leva.
Ficam sua presença suspensa no meu pensamento,
De muitos plantios, a delicadeza de fazer massas crescer,
As mãos que tocavam a alma sem nada dizer.
Ela esperava ansiosamente por mais atenção.
Saudosa Avó, lembranças honradas ficaram.
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