Por Kássia Rocha
Sempre confiro dicas de leituras em outros Blogs e, me deparei
com a resenha deste livro no Blog “Cachola Literária” (por sinal, ótima resenha). Quando ele chegou, gostei da capa (na hora que você ler o livro, a capa terá mais sentido
ainda, pois a autora se mune de uma poética fragmentada, para falar dos
detalhes diários - de sua dor contínua - e dos momentos “sagrados” entre mãe e
filha), do diferencial interior,
entre as páginas...
A
minha expectativa, quanto ao livro “Tudo o que Mãe diz é Sagrado”, foi imensa,
por se tratar de uma história – verídica – de perda, no qual, a autora Paula
Corrêa passou, com a perda de sua mãe. A maneira como tudo se constrói e se
desmorona, constantemente, tornando a leitura trancafiada (em muitos momentos de solidão e retenção a crença e ao
viver) e tensa, mas liberta por alguns segundos de paz ao lado do fiel
amigo Astor, seu cão. Ocorrem tempos
suspensos à mercê de uma dor física (devido
ao tratamento médico que Paula esta submetida), pois, ao ver sua mãe
sofrendo e quase sem vida, doou 75% do seu fígado, num transplante doloroso, e
a dor emocional, que permaneceu crescentemente após sua mãe ter falecido.
“Meu irmão fotografou
a minha mãe sendo maquiada, morta. Perturba-me saber que essas imagens existem,
mas é poético e sobretudo mostra a devoção e o amor de um filho.”
(Pg.
20)
“A morte lançava seu perfume e deixava no ar essa sombra fúnebre. Onipresente,
saía por todos os poros e revirava nossos estômagos de angústia velada.”
(Pg.
27)
Percebi, nas
primeiras páginas, o quanto a autora estava reticente ao falar desta dor prevalecente,
os detalhes eram francos e curtos, quando se entregava a poética metafórica,
tudo se tornava prosa, conflitante retoricamente. Seguindo, adiante nesta
leitura, vamos sentimos a libertação da autora, no desenvolver de suas
lembranças e agonias.
“O vento, sim, leva tantas coisas... O apego, as chagas antigas, os
temores. E a doce manhã nasce com um véu dourado no leme.” (Pg.
39)
De começo tive
que reler as primeiras 20 páginas para entender como funcionaria a coordenação
textual da autora, se era um diário simples ou metáforas sem sentido ao assunto
principal (eram os dois),
sim, senti que o “sem sentido”, havia um sentido de desabafo, não somente com a
perda, mas com a opinião critica social, aos desmazelos da sociedade, das
pessoas e índoles não-domesticadas. Mesmo assim, ela procurava uma razão a sobrevivência...
“[...] Eu preciso sair. Ir para a
rua. Saber que minha casa pertence a uma cidade. [...]” (Pg. 44)
Um livro de
poucas páginas, de pontuações viscerais, que cabe a qualquer pessoa, em algum
momento, se render a ler esta temática. Mesmo tendo falado muito, com trechos
do livro, ainda há muitos detalhes por lá, descrenças e dores que te farão
estar lá, junto à solidão da personagem e das questões elencadas.
“[...] Uma vez, no hospital,
tomada de morfina, tive uma visão. Ela ia me visitar. Começava a cantar. Fui
com ela até a UTI e tirei minha mãe do torpor. É de Maria Bethânia que falo. [...]” (Pg. 57)
“[...] Morri sem ter um cafuné, um
último olhar, morri sem que ela apertasse forte minhas mãos, morri sem saber o
que ela sentiu ao acordar com a possibilidade de viver não dois meses, mas
vinte anos. Bailarina, segura minha mão. Eu preciso respirar.” (Pg. 74)
Ano Edição: 2013
Número Edição: 1
Qtde. Páginas: 168
Encadernação: Brochura
Idiomas: Português
Peso: 200 g
Dimensões: 14 x 21 cm
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